#1 Cast Histórico - Iluminismo



Iluminismo

Salão de Madame Geoffrin.  <http://www.sothebys.com>
O Iluminismo, foi um movimento intelectual na Europa, datado do século XVIII. Apesar das divergências entre iluministas radicais e moderados, o movimento manifestava e defendia os ideais de igualdade, liberdade individual e econômica e o uso da razão, através do que é chamado de esclarecimento. Diferentes pensadores daquele contexto elaboraram e publicaram ideias e livros contendo denúncias e críticas ao pensamento vigente dominado pelo Estado e Igreja que formavam o Antigo Regime. A principal causa de se voltarem contra seus tradicionais dominadores foi o reconhecimento de que ambos eram cúmplices da repressão da auto realização dos povos através da racionalidade. Ou seja, a crítica batia de frente às amarras do absolutismo monárquico e ao poder controlador que a Igreja exercia através de suas verdades baseadas na fé.

Os veículos de transmissão do pensamento iluminista foram os salões literários, círculos letrados, cafés, a imprensa e lojas maçônicas. Em geral, os salões eram organizados e recebidos por mulheres, compostos por pensadores e homens ricos em um espaço onde ocorriam os financiamentos de livros e obras e que, para eles, representava a civilidade nas reuniões que ilustravam o crescimento das luzes da razão. Além disso, as Lojas Maçônicas representavam um espaço de socialização burguesa, onde poderiam ser discutidas ideias a serem disseminadas nas estruturas do Estado por parte dos membros da loja.

Além disso, os ideais iluministas defendiam a necessidade do uso da razão junto à noção de igualdade para que houvesse maior desenvolvimento e internalização do respeito pelo Outro. Ou seja, o iluminismo e suas ideias pregavam a noção da empatia pelas minorias, com a justificando que a razão era uma característica universal presente e pronta para ser desenvolvida igualmente pela humanidade. Nesse sentido, tendo consciência dos direitos pela igualdade, liberdade e uso da racionalidade em âmbito universal entre os indivíduos, se tinha os principais elementos para que se desenvolvesse a noção dos Direitos Humanos, como se deu na Declaração dos direitos do homem e do cidadão de 1791 e a abolição da escravatura abolida em 1794 na França.
Rousseau

Ao mesmo tempo em que se exercia o desenvolvimento das noções de liberdade individual e igualdade, rejeitando os dogmas religiosos e negando as influências emocionais, era estimulado o desenvolvimento e avanço do que hoje conhecemos como ciência e, consequentemente, da razão. Além disso, as mesmas características e noções refletem nos dias atuais através da democracia, que, em tese, se sustenta a partir das ideias de liberdade e igualdade, trabalhadas racionalmente em função dos indivíduos. 

A vertente iluminista considerada radical foi inspirada, principalmente, na figura de Descartes, em seu pensamento crítico e apresentação de dúvidas relacionadas às verdades eternas da Igreja, abrindo portas a questionamentos racionais contra algumas crenças como a própria Teoria Criacionista. Junto a ele, o iluminismo radical possuía como referência o filósofo Espinoza, que criticava a perfeição de Deus e o excessivo valor dado às questões religiosas, enquanto, segundo ele, poderiam e deveriam ser discutidas as maneiras de melhorar a vida em sociedade. Além disso, o mesmo foi o responsável pelo que chamamos de Monismo, que, simplificadamente, é a ideia de que não há distinção substancial entre corpo e alma, seja em vida ou após o fim dela.

Em geral, a vertente iluminista radical defendia o desenvolvimento de uma Doutrina Moral Secular. Ou seja, eram a favor de valores éticos e morais laicos, sem a influência dos dogmas, tidos como opressores, da Igreja. Nesse sentido, eram considerados radicais, também, por suas ânsias de transformações como o fim das monarquias, aristocracias e do eurocentrismo. Tais mudanças, então, só seriam possíveis através da participação de uma imprensa eticamente livre e esclarecida pela razão e, principalmente, através da Educação que levaria e sustentaria a racionalidade ética em meio ao povo como um todo.

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Voltaire
Em contraposição aos radicais, o iluminismo moderado não levava ao extremo as críticas em relação a Igreja, tampouco ao Estado. Assim, em resposta ao monismo de Espinoza, havia a ideia de dualismo, que é crença nas duas substâncias como coisas distintas - corpo e alma. Além disso, para os iluministas moderados, como Voltaire, o esclarecimento não deveria ser disseminado a toda a população pois a maioria, segundo ele, não mereceria tal dádiva. Nesse sentido, a distinção em relação aos radicais se encontra na defesa da monarquia constitucional e hierarquias, junto à noção de que toda ideia de progresso e de felicidade estão atrelados à vontade divina.

Por fim, é importante apresentar alguns outros pensadores do iluminismo que possuíam, e possuem, suma importância. Um deles é o britânico Adam Smith, que marcou o movimento com a ideia de que a economia deveria ser conduzida pelo livre jogo da oferta e da procura, pregando a liberdade econômica e política que deveria ser exercida pelo Estado, em relação aos grupos particulares. Outra figura importante foi Montesquieu seu trabalho sobre os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O Executivo para atuar dentro das leis, segundo as necessidades da sociedade. O Legislativo para elaborar essas leis. E o Judiciário para aplicá-las no julgamento de infrações ilegais no cotidiano. Por último, Rousseau, que é visto como um pensador que não se encaixa nos parâmetros radicais ou moderados. Para ele o soberano deveria governar segundo às demandas e vontades do povo, sendo que, somente o Estado com bases democráticas teria condições de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos.




Bibliografia:

ISRAEL, Jonathan. A Revolução das Luzes. O Iluminismo radical e as origens intelectuais da Democracia moderna. São Paulo: EDIPRO, 2013. Cap. I e IV

KOSELLECK, Reinhart. “A estrutura política do Absolutismo como pressuposto do Iluminismo”. In: Crítica e Crise. Uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Rio de Janeiro: EDUERJ, Contraponto, 1999. p. 56-75

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