#2 Cast Histórico - Humanismo

Humanismo

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Humanista Erasmo de Roterdã
O movimento humanista, também defendido por alguns como "período humanista", ocorreu na Europa, construído entre os séculos XIV e XV, na Itália. O programa do humanismo consistia no desenvolvimento cultural e pedagógico que se dedicava ao estudo de obras e autores clássicos, para aplicar suas reflexões no presente. Tais obras e autores, em geral, tinham suas discussões e lições resgatadas da antiguidade para serem empenhadas através do desenvolvimento dos Studia Humanitatis.

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Elogio Da Loucura - Erasmo
Em suma, eram lidos e interpretados escritos latinos e gregos a fim de serem discutidos os assuntos da gramática, retórica, história, poesia e filosofia moral clássica. De acordo com o historiador P. Kristeller, no século XV italiano, o humanista era aquele que se dedicava a estas leituras latinas e gregas em função das virtudes a serem desenvolvidas em seu tempo.

Nesse sentido, o programa educacional no contexto humanista tinha o objetivo e o desafio de superar o método medieval de memorização como meio de estudos e com tal intuito houve a substituição por uma nova forma de caráter científico e fontes clássicas. A partir disso, a prática de memorizar foi sendo vencida pelo ato da leitura acompanhada de um censo crítico por um aprimoramento individual. Tal aprimoramento, que foi fundamental para as reflexões do desenvolvimento da ação humana em vida. Além disso, segundo o humanista Erasmo, seus contemporâneos retomaram autores antigos que foram proibidos durante a Idade Média, o que representa mais um contraponto às práticas medievais.

Um importante suporte para que o programa humanista se desenvolvesse foi promovido pela Revolução de Gutenberg, ou seja, com a invenção da prensa no século XV. Tal técnica de prensa possibilitou um aceleramento no processo da impressão de livros e textos, resgatando as discussões gregas e latinas antigas. Por conta do consumo desses produtos impressos, os livreiros passaram a representar um elo entre a cultura erudita e a indústria capitalista.

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Florença, Itália
Em relação às discussões humanistas, possuiu grande repercussão o tópico que dizia respeito ao potencial humano versus a visão da decadência da humanidade. Em outras palavras, o humanismo apresentava uma visão otimista do ser humano, partindo de uma filosofia que defendia a felicidade a partir de uma vida ativa na Terra. A partir disso, se estabelecia uma contraposição frente à visão depreciativa religiosa, baseada na filosofia de o homem só é feliz ao se entregar a Deus e levar uma vida contemplativa aguardando o Juízo Final. Assim, a nova reflexão causa uma profunda transformação nas mentalidades do século XV em relação à filosofia de vida e, também política, a partir do que foi chamado de Humanismo Cívico, por Hans Baron (1920).

A ideia do Humanismo Cívico, como defendido pelo historiador germânico, nos indica um desenvolvimento humanista que se deu a partir de um contexto de crise no século XV, em que humanistas se colocaram à frente política em Florença, fazendo emergir uma consciência cívica e em favor da república. Assim, ocorria uma absorção do próprio pensamento republicano tendo como fonte as antigas obras clássicas, em geral, defendendo o discurso de que os homens devem defender a República e a liberdade, promovendo uma educação voltada para o futuro.

O enfraquecimento do humanismo, datado do fim do século XVI, é justificado pelo limitado alcance de suas obras e discussões sobre a potencialidade humana. O humanismo, se fez excludente, por ter voltado e se sustentado somente por aqueles que tinham acesso e condições para as leituras, a fim de apropriarem daquela visão de mundo baseada nos clássicos antigos. Assim, mesmo com a prensa permitindo a impressão de obras em línguas vulgares, não só mais em Latim, não foi suficiente para evitar o declínio do movimento.


Bibliografia:

KRISTELLER, Paul. “O movimento humanístico”, in Tradição Clássica e Pensamento do Renascimento. Lisboa: Edições 70, 1995, p. 11-29.

DELUMEAU, J. “A educação, a mulher e o humanismo”. In: A Civilização do Renascimento, vol. II. Lisboa: Estampa, 1984. p. 77-98.
 



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