Filme "Vazante" - Resenha
A seguinte publicação diz respeito a um simples trabalho desenvolvido por através da disciplina História do Brasil II em que foi proposta uma resenha sobre o filme Vazante. Por ter gostado das discussões em sala e também do filme resolvi compartilhar este trabalho aqui no Blog!
A
produção cinematográfica que recebeu o nome de “Vazante” [1],
foi um filme produzido em 2016 sob a direção de Daniela Thomas e lançado no dia
9 de novembro de 2017. O drama de caráter histórico foi gravado no Brasil e seu
roteiro foi escrito pela própria Daniela Thomas e Beto Amaral. Este último foi,
também, um dos produtores do filme junto com Maria Ionescu e Sara Silveira.
As
críticas sobre o drama são variadas, desde grandes elogios, como proferidos por
Daniel Schenker no site O Globo [2],
que destaca o desempenho dos atores e a fotografia de Inti Briones. Contudo, o
filme também recebe críticas negativas por parte de outros, como a que foi
feita por Inácio Araújo, através da Folha de São Paulo [3],
ao concluir que o drama teria sido “frouxo” e “estéril”, por questões que dizem
respeito à representação do que foi a escravatura.
Assim, a
polêmica produção de Daniela Thomas, se passa em Diamantina no ano de 1821, um
período em que, segundo o filme, estaria passando por uma crise na exploração
de diamantes, fonte das maiores riquezas dos senhores de escravos naquele
contexto. Os principais personagens da trama são: um português chamado Antônio
(Adriano Carvalho), Beatriz (Luana Nastas), Dona Ondina (Sandra Corveloni) e
Bartholomeu (Roberto Audio) – pais de Beatriz, Dona Zizinha – avó de Beatriz, o
pequeno escravo Virgílio (Vinicius dos Anjos) e sua mãe Feliciana (Jai
Baptista) e o forro Jeremias (Fabrício Boliveira).
O
filme começa com belas imagens fotográficas e logo é iniciado o drama de
Antônio. Ao voltar para casa junto à sua tropa, o português recebe a notícia de
que sua esposa e o filho haviam falecido durante o parto. Pouco depois, ainda é
mostrado um fator histórico que diz respeito à difícil comunicação entre
escravos africanos recém-chegados e seus senhores. Após cenas de conflitos
entre Antônio e seus cativos, um forro chamado Jeremias se apresenta ao
tropeiro sugerindo-lhe deixa-lo trabalhar com plantações em suas terras.
O
tropeiro Antônio possuía relação próxima com Bartholomeu, e em uma visita à sua
fazenda para um almoço são mostrados interessantes aspectos que ilustram a
dinâmica da Casa Grande, à maneira patriarcal e senhorial, no início do século
XIX. Durante a refeição, a prática de que somente os homens se sentam à mesa é
representada, junto à própria forma de se alimentar usando os dedos, e não
talheres, como de costume atualmente. Assim, durante o momento da visita de
Antônio, uma série de acontecimentos envolvendo uma, possível, inocente
brincadeira de criança e um par de sapatos, culmina no casamento entre o
português e Beatriz, filha de Bartholomeu.
Enquanto
isso, a trama que se passa em um período de transição em que a mineração começa
a ser substituída pela agropecuária pelo esgotamento dos minerais, retrata a
fazenda de Bartholomeu e o enfrentamento de uma grave crise dos recursos de
suas terras, que o leva a se mudar para o Serro, em busca de melhores condições
de vida. Assim, com sua família possuidora de terras em condições de pobreza, o
casamento de Beatriz, filha de um senhor reconhecido, com o português Antônio,
representa a união entre a filha de uma família que oferece o terreno como
dote, pela união ao capital que o noivo possui.
Após
as cerimonias, se começa a notar, no cotidiano do casal recém-formado alguns
aspectos que dizem respeito à situação de Beatriz e sua posição infanto-juvenil
que está comprometida em um casamento com um homem já adulto. As cenas mostram
a menina com um semblante infantil e leve, principalmente quando estava na
presença do escravo Virgílio. Por outro lado, é perceptível a faceta do medo e
insegurança quando está próxima a Antônio.
Nesse
sentido, após a mudança de Beatriz para a fazenda do português, são mostradas
algumas sequências de cenas em que mostram relações mantidas pelo tropeiro com
sua cativa Feliciana, que ficou grávida do senhor, e com Beatriz, após a primeira menstruação da jovem. Assim, brevemente, é possível recordar do
que dizia Gilberto Freyre em Casa Grande e Senzala, ao afirmar que não
existiria um sistema escravista e patriarcal sem depravação sexual [4].
[1] VAZANTE. Direção de Daniela Thomas. Brasil: Dezenove Som e Imagem,
2017. (100 min.)
[2]
Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rioshow/critica-vazante-22040254>.
Acesso em: 28/10/2019
[3]
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1926285-submersa-em-esteticismo-obra-aplaina-horror-da-escravidao.shtml>.
Acesso em: 28/10/2019
Comentários
Postar um comentário